0 Um macaco para o Rambo

O Twitter é uma ferramenta excelente, principalmente para mídia tradicional. Antigamente se mensurava relevância de assunto na internet através do número de comunidades do Orkut. Hoje é o microblog que serve de termômetro do que rola na grande rede. Algumas #hastags repercutem tanto que acabam gerando reportagens em sites, jornais, revistas e até televisão.

Sylvester Stallone durante a Comic-Con

Com esse status, os twitteiros encontraram nos trending topics a oportunidade ideal para colocar alguns assuntos em pauta. O problema, a meu ver, é que muitos desses tópicos surgem artificialmente com ajuda de robôs, perfis falsos ou brincadeiras requentadas. Esses dias, por exemplo, acompanhei a repercussão do #CALA BOCA STALLONE.

Como você deve ter acompanhado, o Sly disse o seguinte sobre nosso país: "Lá [no Brasil] você pode atirar nas pessoas, explodir coisas e eles dizem 'obrigado, e leve um macaco'. Os policiais usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro. Já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar".

A mídia acabou tratando o assunto como uma piada-da-piada. E nesse caso foi ruim. Acho que o pessoal perdeu uma tremenda oportunidade de responder o astro hollywoodiano a altura. Poderíamos, por exemplo, fazer campanha de boicote ao filme "Os Mercenários", que estreia próxima sexta-feira. Certeza o assunto daria muito mais pauta na imprensa. Dinheiro chama mais atenção do que piadas.

O engraçado é que nada do que ele disse é mentira. Somos sim um país permissivo, que aceita impostos altos, benefícios zero, políticos ladrões, violência urbana, abismos sociais, fome, pobreza, miséria e – no final das contas – ainda entregamos um macaco ao senhorzinho. Verdade, mas isso não dá direito ao gringo jogar tudo na nossa cara. Cada um deve cuidar das próprias chagas.
Comentários
0 Comentários

Leave a Reply