0 Teoria Lost | A Máquina de Ensinar de Skinner



Lendo algumas dúvidas sobre o seqüestro das crianças resolvi postar essa teoria. Acredito que jáé consenso no fórum do LostBrasil que os estudos de Skinner são fundamentais para a Dharma. A ilha é uma mega Caixa de Skinner, isso todo mundo já sabe. Cientistas estudam o comportamento condicionado de todos os personagens. Até aí beleza, certo?!



OBS: Para quem ainda não sabe, a Caixa de Skinner é um equipamento de estudos laboratoriais do comportamento, respondente e operante, feito com ratos e pombos. Para entender melhor, leia a reportagem sobre LOST que saiu na Revista Superinteressante - Edição 225.



O que pouca gente sabe é que Skinner desenvolveu uma série de estudos teóricos sobre o comportamento de crianças. Ele acreditava que as crianças poderiam crescer sem a presença de um adulto. Em tese um grupo isolado formado apenas por crianças poderia desenvolver todas as ferramentas necessárias à sobrevivência. Para entender LOST é preciso adentrar a mente do visionário Burrhus Frederic Skinner, então vamos viajar um pouco.



Seu primeiro livro importante foi The Behavior of Organism (O Comportamento dos Organismos), publicado em 1938. Skinner a partir de então passou a figurar como o "Sawyer" dos humanistas, pois ele tratava os conceitos de liberdade e dignidade humanas como "mitos" que deveriam ser desconsiderados pela ciência (1). Todavia, antes de sua morte em 1990, ele já era o maior nome da psicologia behaviorista.



A palavra inglesa behaviour ou behavior significa comportamento, conduta. De acordo com o pensamento comportamentalista, a conduta dos indivíduos é observável, mensurável e controlável similarmente aos fatos e eventos nas ciências naturais e nas exatas (3). O pai desse termo é John Watson (1878-1958). Watson, juntamente com os behavioristas, dizia: "para os animais não tem como perguntar: O que você está sentindo? É possível apenas estimulá-los e observar sua reação ao estímulo. Por que deveria ser diferente com seres humanos?" (2).



Filósofos como John Locke e David Hume, tendo por base os ideais de Aristóteles, diziam que nós aprendemos por associação. Pesquisas de Pavlov confirmaram que essa associação pode ocorrer por semelhança, contraste ou contigüidade. Skinner buscou inspiração nessas idéias e desenvolveu uma série de pesquisas de laboratório cuidadosamente controladas (1).



A grande questão que se pode fazer é: "Por que ele pesquisou animais e não seres humanos?". A resposta é que a simplicidade do organismo inferior dos animais e o fato de poder controlar esses animais em laboratório fizeram e fazem deles a escolha freqüente para as pesquisas (2).



Ainda assim, a Dharma e outros cientistas acreditaram que as idéias de Skinner poderiam sim ser usadas em seres humanos. Agora vamos tentar entender o motivo que "Os Outros" teriam para seqüestrar as crianças.



Tudo começou quando um grupo de cientistas usou a teoria de Skinner com um bebê de 11 meses, chamado Albert. Ele foi condicionado a ter medo de um rato branco. O rato branco foi mostrado repetidamente ao bebê no mesmo momento em que faziam um barulho bem forte e assustador. Albert não tinha medo do rato branco, mas pela combinação com o barulho, o rato veio trazer respostas de medo (1). Para ficar bem claro, assista ao filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick.



A Máquina de Ensinar de Skinner



Skinner queria descobrir as implicações das tecnologias ao ensino. O cientista entendia que os modelos de educação convencionais tinham várias deficiências. Segundo ele, um dos grandes problemas do ensino é o uso do controle aversivo, entenda: punição física, ridículo, repreensão, sarcasmo, crítica, lição de casa adicional, trabalho forçado etc (4).



"As crianças aprendem sem ser ensinadas, elas estão naturalmente interessadas em algumas atividades e aprendem sozinhas. Ensinar é simplesmente o arranjo de contingências de reforço sob as quais estudantes aprendem" (5).



Existem vários modelos de Máquinas de Ensinar, variando entre o custo e a complexidade, mas a idéia é sempre a mesma: os alunos deveriam ser informados no mesmo instante a respeito de seu acerto ou erro. Havendo acerto, deveriam saber qual o próximo passo. O segredo aqui reside em reforçar os pequenos sucessos, e ir aumentando aos poucos os desafios (4).



Skinner acredita que as máquinas de ensinar apresentam várias vantagens sobre outros métodos, dentre elas os estudantes poderiam compor sua própria resposta em lugar de escolhê-la em um conjunto de alternativas. Embora, é claro, que a Máquina propriamente dita não ensine, ela coloca estudantes em contato com o professor ou a pessoa que escreve o programa. "Em muitos aspectos é como um professor particular, no sentido de haver constante intercâmbio entre o programa e o estudante". A Máquina mantém o estudante ativo e alerta. A Máquina de Skinner permite que o professor dedique suas energias a formas mais ricas de instrução, como o debate (4).



"Os Outros" querem as crianças para usar como matéria-prima da Máquina de Ensinar de Skinner. Um novo modelo de educação global era a principal idéia da Dharma. Lembra que o Walt tava usando o computador para se comunicar com o Michael? É provável que ele estivesse estudando na Máquina de Ensinar da Dharma, aproveitou um descuido dos tutores e mandou aquelas mensagens.



Faça um teste com a Máquina de Ensinar:

http://www.ufrgs.br/faced/slomp/edu01135/skinner.htm



OBS: Texto originalmente publicado no fórum do LostBrasil, local em que você poderá acompanhar todo o debate sobre essa teoria.



FONTES:

(1) Adolfo S. Suárez

(2) Calvin S. Hall, Gardner Lindzey e-com John B. Campbell

(3) Wikipédia

(4) Flávia Ferreira da Silva

(5) Burrhus Frederic Skinner
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