0 A gangue da Mônica

Li o texto do Dioclécio Luz no Observatório de Imprensa sobre a "Violência na Turma da Mônica" e fiquei bastante chateado. Isso porque todos os dias leio as histórias do Maurício de Sousa para minhas filhas. Do mesmo modo os contos dos Irmãos Grimm, Charles Perrault, La Fontaine, Wall Disney e tantos outros. De comum entre eles? Nenhum é "politicamente correto".

João e Maria, por exemplo, conta a história do pai que abandona os filhos no meio da floresta por falta de dinheiro para criá-los. As crianças acabam sendo sequestradas por uma velha, que planeja devorá-las. Os dois queimam a idosa no forno e saqueiam a casa. Levam a fortuna aos pais e vivem felizes para sempre.

Evidente que essas histórias estão abarrotadas de absurdos que deixam minhas estratégias pedagógicas no buraco. Mas a graça é justamente rir do absurdo, do contraditório, do nonsense.

A leitura – e isso inclui as maravilhosas histórias em quadrinhos – é uma das atividades mais prazerosas que existe. Diferente da TV e outras formas de entretenimento, ela permite muitos momentos de parada e reflexão. Posso conversar com minhas filhas, brincar com as histórias, reinventar.

A Turma da Mônica tem sim personagens que resolvem tudo na porrada, uns que comem demais, outros de menos, alguns não gostam de banhar e tem muita gente que fala errado. A questão é que isso não muda em nada a personalidade da minha filha. No fundo é só uma história. E para terror do Dioclécio Luz, o mundo está cheio delas.
Comentários
0 Comentários

Leave a Reply